Filosofia e Nerdice: Spock (Jornada nas Estrelas - Star Trek) e aracionalidade moderna

Jornada nas Estrelas (Star Trek) é uma grande franquia nerd, começou com uma série, daí vindo outras séries, filmes, desenhos, convenções... Tal série é parte essencial a própria nerdice.

Dr. McCoy, Capitão Kirk e Spock
Dr. McCoy, Capitão Kirk e Spock

A série original se destacou pelo interessante união de histórias bem feitas com certa dose de humor, mas sempre recheado de elementos de ficções científicas, mas aquele tipo de ficção científica plausível de ocorrer, ao tratarem do uso do choque de matéria com antimatéria para impulsionar a nave, computador executando comandos de voz, comunicador, entre outros. O interessante que o comunicador inspirou a criação do celular, e a ideia de computador sendo utilizado por comandos de voz tem sido pesquisado, e parece que mo próprio Bill Gates o incentiva na Microsoft por ser nerd, e fã de Jornada nas Estrelas....

O personagem Spock possibilita um início de discussão sobre a racionalidade moderna.

A partir da Renascença, vemos a razão tornando-se o fundamento do conhecimento, e mesmo fundamento da arte em certos momentos.

Neste processo, ocorre o desenvolvimento da ciência moderna e a razão vai tornando-se a base da filosofia e mesmo na arte, em alguns momentos. Tal processo vai chegando a todos os aspectos da vida, incentivando a racionalização de todos os âmbitos da vida, tornando a sensibilidade, as emoções, a intuição, entre outros, como secundários, sendo a razão a base de todos estes aspectos. Um dos grandes marcos iniciais desse processo foi o filósofo francês René Descartes.

Tal processo sempre teve vozes dissonantes, como o filósofo e matemática Pascal, contemporâneo de Descartes.

Mesmo em nossos dias, ainda há um discurso social muito forte de supervalorização da razão e da ciência.

Você pode estar pensando: mas o que isto tem a ver com Jornada nas Estrelas?

O personagem Spock é meio humano e meio vulcaniano, o qual reprime todas emoções tendo todas suas ações movidas pelo lógica. Tal postura o leva a ter pequenos, e mesmo divertidos, atritos entre ele e outros da equipe, principalmente com o Dr. McCoy.

Spock pode ser visto como o símbolo do ultra racionalismo, aquele que não sente emoções, através de sua repressão, tendo a lógica e a ciência como centro de sua vida. Podemos vê-lo como o símbolo do Homem Moderno na plenitude de uma “Vida Racionalista”.

Os atritos com o Dr. McCoy é muito interessante, pois em nossa sociedade, por muito tempo, o médico foi o próprio símbolo da Ciência, então vemos um representante da Ciência, da Razão, o qual não desvaloriza as emoções...

Já o Capitão Kirk, é um personagem mais passional, escuta as informações racionais e científicas de sua equipe, mas tende a tomar as decisões de maneira mais intuitiva.

Tal trio, e seus atritos sempre bem humorados, permitem ver diferentes posições: o racionalismo e cientificismo radical (Spock), um racionalismo moderado, talvez mesmo kantiano (Dr. McCoy) e aquele movido mais pelas emoções, mesmo usando dados racionais e científicos (Capitão Kirk).

Mesmo sem conhecer história da filosofia, a série possibilita situações onde há este embate, como um em que eles vão a um planeta que faz o sentimento de todos se exacerbar, quando vemos Spock chorando, momento emblemático do personagem, no qual o modo estranho como o ator chora mostra bem a situação de quem reprime as emoções e de repente elas explodem.

Vemos como a arte, no caso a série, permite que os personagens representem posições reais da história da filosofia e seu embate de maneira, inclusive, divertida.

Partindo destas pequenas informações, tente assistir a serie com esse olhar, buscando ver estes atritos como um próprio embate entre Racionalismo (Spock), Racionalismo Crítico (Dr. McCoy) e Emoção (Capitão Kirk).

© 2012 Tiago de Lima Castro

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