Reflexões após uma exposição
Acabei de voltar de uma belíssima exposição no MASP com o tema “Roma: A Vida e os Imperadores”, na qual pode-se ver tanto objetos de uso cotidiano, como bustos, algumas estátuas e muito mais. O MASP fez um trabalho fantástico tanto ao organizar o percurso da exposição, como ao colocar informações sobre a época e as peças, com vídeos espalhados pelo ambiente nos permitindo pensar não só o simbolismo contido em cada peça dentro de sua própria época, como também de ver a relação entre o passado e o presente.
A influência romana nos dias de hoje abrange diversas áreas: as línguas, a exemplo do português que surgiu à partir do latim; no direito, tanto nas teorias do direito como nos próprios processos do judiciário; na organização política; e muitos outros aspectos.
Somente por isso, rever essa influência através de obras de arte, feitas com extrema engenhosidade, e através de objetos cotidianos e um caminho muito interessante para refletirmos sobre o nosso modo de vida hoje, e porque não, pensar sobre o progresso partindo da experiência diante destes objetos?
O tema Mito do Progresso é um assunto muito discutido e de reflexão sempre urgente. Enquanto estávamos vendo os objetos do dia a dia, como panelas, ânforas, entre outros; vemos a plena relação não somente de nossos hábitos como dos utensílios que são basicamente os mesmos...
Claro
que hoje não aceitamos coisas como a escravidão – apesar de podermos
refletir até que ponto o trabalho nos dias de hoje não se relaciona com a
escrevidão na Antiguidade; mas em geral, vemos o quanto o progresso
realizou-se nas técnicas, mas ainda vivemos iludidos pelas mesmas
coisas.
Pude
vivenciar uma experiência de angústia ao passar pelos utensílios de
beleza, pois ainda são os mesmos, aqueles anéis, brincos e adereços
diversos ainda são muito atuais! Ao se descrever as roupas que servem
para diferenciar o status social e profissional, ainda vivenciamos a
mesma realidade... Relações de poder, onde pequenas coisas servem de
afirmação do poder imperial, como numa balança onde o peso de referência
tem o formato do busto do Imperador – o que Focault discutiria de uma
maneira muito interessante – ainda ocorre nos dias de hoje... Símbolos
fálicos representando a virilidade, ainda existem... A assimilação das
culturas dominadas, numa postura de respeito; e depois assimilação da
cultura romana por estes povos não através da força, mas sim através de
uma elite que vai sendo imitada pelos povos denominados, ainda é atual e
com grandes avanços técnicos do processo...
Recomendo que vá até a exposição, que está incrível, e aproveite para a partir do espantamento estético produzido pelo que verá, busque repensar o que vivemos hoje. E aproveite para ir até as outras exposições, como a de Chirico...
Veja uma parte da exposição virtualmente:
E se quiserem pensar um pouco mais, após se espantar com as peças, escutam esta música de Belchior:
© 2012 Tiago de Lima Castro
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