La Educación Prohibida


La Educacion Prohibida

“La Educación Prohibida” é um documentário dirigido por German Doin e lançado em 2012. O documentário propõe uma reflexão sobre a educação e a escola partindo de múltiplas experiências educativas ao longo da América Latina.

Logo no início da história do cinema temos a figura dos irmãos Lumières– considerados alguns dos inventores da arte cinematográfica – que viam no cinema uma possibilidade de representar e documentar a realidade. Porém, a representação da realidade é um tema de constantes debates, pois ao escolher representar a realidade, já há um posicionamento de quem a representa. No caso do cinema e dos documentários, no modo de posicionar a câmera, na iluminação, na escolha do que representar, na escolha de cortes, na montagem final, entre outros; há constantemente um olhar do diretor escolhendo o que representar e como representar, visando gerar determinada experiências estética. No próprio ato de representar a realidade já está se propondo ideias sobre esta realidade.


Neste documentário, busca-se questionar a escola e educação como se apresenta cotidianamente – e quem nunca questionou o porquê da escola ser como é? – e a própria relação entre escola educação. Afinal: será que educação ocorre necessariamente na escola?

A escola tradicionalmente é feita por uma serialização nos quais cada série tem conteúdos rigidamente escolhidos para serem ensinados aos alunos, independente das opiniões destes e, muitas vezes, independente da opinião do próprio professor, pois tudo isso é regulamentado por órgãos governamentais. As experiências documentadas não ocorrem dessa maneira, pois cada local tem seu próprio modelo de funcionamento, dentro de cada contexto sociocultural, em que as crianças tem liberdade em seu processo de aprendizado tendo o professor mais como um orientador de aprendizado rompendo a barreira entre um ensino sério e momentos de descontração, já que neste caso o processo de educação também é divertido. Somente por mostrar locais de educação buscando novas maneiras de efetivamente educar e que ocorrem em nossa época, já vale a pena assistir ao documentário.

Entretanto, as escolhas estéticas são interessantíssimas. Representar experiências educativas que rompem com a rigidez e o formalismo na escola construindo uma narrativa única onde os registros são meras provas empíricas de sua argumentação, seria incoerente com os questionamentos que se buscam levantar. Não é o que ocorre aqui.

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Simultaneamente temos uma narrativa encenada, que busca expressar o descontentamento dos alunos com a escola; a história e as motivações da escola como conhecemos; as críticas a esse modelo; e as próprias experiências que rompem com este modelo. Tudo isso ocorre de maneira contínua e fluída no filme, ou seja, não repetindo uma estrutura serializada e compartimentada de nosso ensino. Há cenas documentados, encenações e animações que perpassam os olhos do expectador não gerando o cansaço, pois organicamente os três elementos vão unindo-se harmonicamente e sem uma rigidez.

Um dos elementos questionados no filme e nas experiências registradas é a atitude passiva do aluno de receber um conhecimento pronto e ter que aceitá-lo meramente pelo professor ser uma autoridade. Dependendo de como se escolhesse fazer a montagem do filme, poderia reproduzir o modelo questionado ao posicionar os depoimentos como meras citações de uma narração autoritária que amarra o documentário, como normalmente ocorre. Aqui a narrativa é uma mescla de depoimentos, cenas criadas para o documentário e com uma narração do diretor, porém de maneira não-hierárquica e não homogeneizando os discursos diversos, já que cada local registrado trabalha com diferentes conceitos, teorias e práticas. Assim o discurso narrativo não cria uma hierarquia entre diretor, atores, depoimentos ou registros. A experiência estética é de um discurso múltiplo criado por múltiplos agentes, que tem como eixo o questionamento a educação como ela é.

Como já dito, somente pelos registros de locais educacionais que em sua prática questionam a necessidade da escola ser como é já é de grande mérito. Porém, a maneira como se apresenta isso é extremamente bem realizado por criar uma experiência estética expressando a liberdade, criatividade e multiplicidade de tudo que fora registrado.
Para quem lida com educação, como professores, diretores, funcionárias de escola, estudantes, mães, pais, avós e todos que se ligam a ela de alguma maneira, é uma experiência fantástica de beleza na maneira como se documenta e profunda reflexão que equilibra bem questões e teórico-históricas com práticas efetivas em nossa própria época. Entretanto, a educação e a escola são partes de nossa vida, por isso o documentário é para todos nós.

Ele foi realizado com financiamento coletivo via Internet e é distribuído gratuitamente pelo site: http://www.educacionprohibida.com

Também pode-se assisti-lo pelo Youtube:


Publicado originalmente em: http://supernovo.net/oscinefilos/la-educacion-prohibida-critica/

© 2014 Tiago de Lima Castro

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